quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vassouras

E era tão suave seu deslizar pela calçada. Era tão agrável vê-la correndo, sendo usada com um objeto indigno. Já não se faziam mais como as de antigamente, as que eram barulhentas, as que fazia estardalhaço ao seu simples deslizar. Talvez eu gostasse mais do mundo de antigamente, aquele do qual não vivi, onde tudo era barulhento, todos se conheciam e todos se amavam. Talvez ainda sejam usadas as pobres coitada, esquecidas por trás de um grande armário ou deixadas em uma porta como encosto ou supertição. Talvez houvessem sido esquecidas antes mesmo do meu nascer

Sólida Solidão

Na brincadeira de faz-de-conta ele sempre ganhava, narrava as mais belas historias de drama e terror. Narrava a sua própria vida, seu próprio drama interior a todos a quem pudesse interessar-se. Fazia-se se passar por outrem, um outrem sofredor. Já não fazia, pois, questão de sentir-se incompleto. Sabia que tudo aquilo que pudera, houvera de ser feito. Sabia que era apenas mais um comensal da solidão. Um espírito infeliz vagando...

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Reciclagem

E então ele se recriava, a partir do novo, do início. Ele sabia que já tentara, por muitas vezes sem sucesso, se recriar e falhara em todas elas. Falhara consigo mesmo. Falhara em se mater fiél àquilo que um dia ele acreditava que devia ser: frio, arrogante, egocentrico. Deixou se levar pelo tempo, pelas emoções compartilhadas com outrem. Deixou de ser quem um dia era para ser quem desconhecia. Era só mais um indigente.