quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Escudo

Para mim, ele era um completo desconhecido. Um desconhecido estranho e
alheio a toda a minha vivência. Não era, pois, um fardo, jamais seria
então. Era apenas um desconhecido, de boa aparencia e de boa saúde,
de bons antecedentes e tinha recomendações. Era aquele a quem
chamaria de confiável, a quem protegeria-me do perigo, aquele que me
protegeria de si mesmo. A quem me protegeria de mim mesmo.

Eterno Observador

Eu gostava quando eu sentava à praça e ficava a observar quem
passava, quem me interessava. Gostava de ver suas longas madeixas cor
de sol passarem por mim todos os dias a tarde, voando ao vento,
brilhando intensamente como faíscas de fogo amarelas. Sua beleza era
incontestável, intocavel a mim - mero mortal observador - que ficava
observando-te passar por mim, todos os dias...

Retrato de um amor

E eu já o havia dito por muitas vezes que o amava, que era com ele a
quem eu deveria casar, ter filhos e, então, poder ter uma família.
Família a qual seria perfeita, feliz.
E eu o havia dito por inúmeras vezes que era a ele a quem eu me
entregaria por completo, a quem eu amaria incondicionalmente por toda
a minha vida, a ele eu sofreria pela partida e lazer eu teria pelo
retorno. A ele eu disse que seria fiel como as araras.
A ele eu daria amor, paixão, felicidade... a vida.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Vida de Universitario

Sinto falta daquele tempo em que tempo era o que mais me sobrava,
sinto falta das minhas 9 horas de sono que, na maioria das vezes,
tornavam-se 12; sinto falta também daquele tempo em que pequenas
frases tornavam-se grandes poesias em minhas suaves mãos.
Creio que já não tenho tanto tempo quanto eu gostaria, que eu
necessito.

Aclamação

Fui deixado mais uma vez, amando, sofrendo e me corroendo por motivos
fúteis que não são tão bem explicados como deveriam. Fiquei órfão
do amor, que se foi sem deixar bilhetes, sem deixar uma nota sequer de
aviso. Sinto como se fosse o suicidio da alma, o silencio dos
inocentes, a culpa dos endividados.
Faltam-me palavras para expressar tal falta de compaixão, tal falta de
sentimento. Aprendi que tudo que vai, retorna. Talvez esteja me
voltando aquilo que um dia eu enviei; dor e sofrimento, uma alma
angustiada pede por socorro enquanto eu clamo pela retorna do amor

Alienação

E eu tenho reparado: cada vez mais eu me distancio daqueles que eu
amei, daqueles que me amaram e daqueles que possam me amar. Distancio
de todos para viver em um mundo amargo, descolorido, inapto a minha
sobrevivência. Distancio dos amigos (ou pelo menos quem eu poderia
considera tal adjetivo), da família e, em certas ocasiões, de mim
mesmo à quem tenho sido fiél por longos anos. Tenho criado uma nova
personalidade da qual desconheço e que é totalmente alheio aquilo que
eu prezava. Tenho me escondido de mim.